11 fevereiro 2007

Angústia

Reconheço que a fase pela qual estou passando não é das melhores... Não sei o que está acontecendo, ando sem disposição para nada, meu pensamento está sempre longe e estou com um aperto no peito cuja origem é inexplicável. Me falaram que era agonia, mas refletindo sozinho ficou difícil encontrar uma fonte para tal sensação. Acho que a descobri esta semana: é medo.
De quê? Outro enigma na minha desordenada caixola. Porém um fato que com certeza mexeu bastante com essa minha sensação desagradável foi o ocorrido na última quarta-feira, quando um menino ficou preso no cinto de segurança do carro de sua mãe recém-assaltado e foi arrastado pelo asfalto do subúrbio por bandidos por mais de 7 quilômetros. As coisas que passaram (e ainda passam) pela minha cabeça são inúmeras: como ficou o coração daquela mãe que viu seu filho, aos berros, sendo levado pelos bandidos; como estava a cabeça do próprio menino, sentindo o asfalto rasgando seu corpo e não podendo fazer nada a não ser gritar; o desespero dos transeuntes que testemunharam o carro passando com uma criança pendurada pelo pé; o pai da criança que, com muita coragem e sangue frio, fez o percurso dos bandidos de táxi na frustrada esperança de encontrá-lo parado em alguma esquina aguardando socorro.
Eu vi uma reportagem sobre o caso onde foram exibidas inúmeras imagens do menino. Recém-nascido, neném, pouco crescido, crescido, bem crescido, poucos dias antes do assalto... e em todas elas meus olhos só viam meu filho. Os olhos claros iguais aos do meu filho; o cabelo cortado e penteado igual ao do meu filho; alguns brinquedos idênticos ao do meu filho; até mesmo a camisa do Botafogo igual à que meu filho tem. Horrível!!! Naquele momento tive a sensação de que quem havia morrido naquele assalto não foi aquele inocente menino, e sim o Thiago.
A sensação que estou sentindo ao escrever isso é a mais escrota possível: uma experiência vazia, como se alguém tivesse introduzido um canudo em meu peito e assoprado ar dentro dele. Eu literalmente vi meu filho morto naquela reportagem, mas tenho total conhecimento de que ele está vivo, bem e fazendo bagunça na sala, assistindo Discovery Kids. Eu, sentindo esse vazio, fico me perguntando: "como será que estão aqueles pais?" Principalmente a mãe, que além de passar pela traumatizante experiência de ser assaltada, viu seu filho ser arrancado dela. É... é uma sensação MUITO escrota!!!
Saindo do trabalho hoje, no Centro, parei no portão do prédio e fitei os dois lados da rua, não encontrando ninguém. A rua estava deserta MESMO. A sensação de medo tomou conta de mim e a única coisa que fiquei pensando foi em quanto tempo eu seria assaltado ou até mesmo em que esquina eu ia levar um tiro. A frieza desses monstros para com o garoto mexeram comigo extremamente. Eu descobri que não sou invencível, imortal. Descobri também que minha família não está mais salva e que a ausência de qualquer um deles me destruiria psicológicamente.
E o que fazer com aqueles animais? Prender, torturar, matar? É pouco... é muito pouco, se compararmos com a experiência de perder alguém querido, alguém insubstituível. Mandar matar a mãe deles? Seria tirar deles algo importante, mas não surtiria efeito algum, já que eles não amam nada nem ninguém. Não passam de bestas desumanas, pesos mortos para a sociedade, cuja morte não faria diferença para ninguém. ("Reginas Duartes", não me venham com aquela história patética de direitos humanos, vão para o inferno!!!).
Estou triste... triste e assustado, vendo que paulatinamente o Rio de Janeiro etá sendo tomado por estas feras desalmadas e não há mais nada que possa ser feito.

1 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Olá Miguel! Saiba que assim como vc tb estou super assustada com o que aconteceu e com o que pode vir a acontecer daqui para frente. Estava de férias em Santa Catarina, no Parque do Beto Carrero, onde o Cadu pintou e bordou. Mas confesso que nem a magia do parque me fez esquecer o caso. Fiquei com esse sentimento de vazio e medo durante todo o dia.
Sempre que voltamos de férias, brinco que não quero voltar para casa, mas pela primeira vez esse sentimento foi real. Não queria voltar mesmo! É uma pena ver que a nossa cidade está perdendo o amor de quem mais a estima, os próprios cariocas!

Bjocas em vc e na família.

16/3/07 19:32  

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